tempo de escrita: 4 horas
tempo de leitura: 14 minutos
dá pra ouvir aqui.
Que delícia essa sensação de voltar a criar.
Foi “só” uma carta, que eu enviei por aqui, há algumas semanas atrás, mas colocar o rio da criatividade para fluir de novo me enche de tanta vitalidade, de tanta alegria. As trocas que surgem me deixam tão nutrida, tão feliz! Me percebi mais cantante, mais bem humorada, menos estressada e menos acelerada nessas últimas semanas em que tenho voltado a mover minhas águas criativas.
Sinto mais motivação e mais gosto pela vida quando coloco algo no mundo que nasceu do meu coração.
Percebo que quando eu volto a criar a partir desse lugar, mesmo que algo bem pontual, como essa newsletter, outras ideias que viviam pairando na minha cabeça começam a encontrar o seu caminho pra se tornarem reais. E aqui eu tô falando desde as ideias bem pequenininhas, como um jeito diferente de arrumar a minha mesa de trabalho ou uma nova brincadeira com meu filho, até as grandes ideias para objetivos e sonhos de vida. Cada uma delas vai encontrando espaço pra existir. Mesmo que antes eu não conseguisse enxergar tempo pra fazê-las existir, parece que elas vão encontrando suas brechas pra surgir depois que eu tenha concluído alguma criação.
Isso acontece porque quando uma ideia vai pro mundo ela gera uma energia de realização que nos nutre de energia para outras ideias virem a existir também. Esse é um movimento que renova a motivação e o prazer pela vida. As ideias só precisam encontrar o seu caminho para virem à tona, uma de cada vez.
Se você também está buscando realizar grandes ideias, que tal experimentar realizar uma bem picuthuca (como Duda gosta de falar) e ver o que acontece depois?
Por aqui, observar o meu processo de retomar o fluxo do rio da criatividade, me nutriu da força que estava precisando pra colocar no mundo um novo serviço que quero oferecer.
Enxergar a criatividade como um rio foi uma visão que que conheci através de um capítulo do livro "Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estés, e que caiu para mim perfeitamente. Me fez mudar a minha relação com o criar. Colocando em prática essa visão percebo que hoje sei muito mais sobre como ajudar a fazer meu rio fluir.
(Inclusive esse foi um capítulo que me marcou tanto que eu fiz uma leitura comentada e gravei pra compartilhar há uns tempos atrás. Vou deixar o link aqui para você ouvir se quiser depois.)
Perceber os símbolos que permeiam a nossa vida é essencial para compreender nossos processos psíquicos e criativos, dando sentido às nossas experiências.
E essa é uma das coisas que eu acho mais lindas na arteterapia: é através dos símbolos que nos conectamos com nosso inconsciente pessoal e coletivo, influenciando diretamente no jeito que a gente funciona no mundo. São os símbolos que nos permitem criar novos significados pra nossa vida.
As águas são um símbolo poderoso da criatividade e das emoções. Representam o que flui, o que move nossas águas internas. Nossa relação com esses símbolos é vital.
A gente veio da água e a embora a gente já esteja vivendo e respirando fora d'água, a gente veio do meio líquido e a água faz parte da nossa vida profundamente.
Encontrar sentido pros símbolos que aparecem na nossa vida ou encontrar símbolos para “explicar” o que estamos querendo dizer nos ajuda a fazer as coisas funcionarem de um jeito especial.
Os símbolos chegam onde as palavras não alcançam.
E eu ganhei um símbolo lindo de presente da minha colega Circe na mentoria de negócios que estou fazendo (contei mais sobre ela na última carta) e que foi fundamental pra encaixar a peça que faltava para o meu novo servir poder vir à tona.
Eu tava há dias tendo dificuldade em conseguir explicar de uma forma objetiva esse novo serviço que estou criando. Durante nossa sessão de mentoria passei alguns minutos tentando explicar e veio a Circe e disse:
“Acho que o que você tá propondo é mergulhar no emocional pra virar criação no mundo. De repente você pode oferecer seu método de mergulho que resulta em criação.”
Pronto, era isso! Que alívio.
O que eu to propondo é um mergulho no emocional pra resultar em criação!
Por mais incrível e clara que uma ideia se pareça na minha cabeça muitas vezes eu também tenho dificuldade de expressá-la.
Travar faz parte do processo de criar.
E aí, mesmo com uma longa experiência em processos criativos, muitas vezes eu só consigo chegar onde quero ir com as minhas ideias contando com o apoio de alguém. É no diálogo, na escuta e na troca que sinto que o meu rio criativo encontra margens mais consistentes pra fluir com mais força.
E o que eu quero oferecer é ser esse apoio pra quem quer criar suas ideias!
Decidi chamar de Mergulho essa jornada de 2 meses que vou oferecer a partir de outubro, onde a proposta é imergir dentro de si em busca de resgatar a coragem de criar.
Resgatar, porque acredito que a potência de criar é uma coisa que já está dentro de cada uma de nós.
Coragem, porque acredito agir com o coração é o que a gente precisa pra enfrentar o que nos paralisa. Coragem é a gente se conectar com o que está sentindo e agir dialogando com os temas que esse medo nos traz.
E criar porque eu acho que não existe mais natural pra nós, seres humanos. Eu acredito que a gente veio aqui pra criar, desde o dia em que a gente nasceu. E se estivéssemos mais conectadas com esse nosso poder criativo de um jeito saudável, estaríamos consumindo menos os recursos da Terra, por exemplo. Diante de tanto caos e medo das situações climáticas, a gente poderia acessar o poder criativo em nós para agir e criar outros cenários viáveis para a vida. Eu acho que ninguém estaria colocando fogo nesse lugar que nos nutre se estivesse com esse equilíbrio do seu poder criativo, ao invés de uma necessidade de consumir e destruir.
Se enxergar com um ser que cria muda a nossa perspectiva da nossa existência.
A gente passa de um estado passivo para uma postura ativa.
Especialmente para nós, mulheres, esse resgate do nosso poder criativo, depois de séculos de silenciamento da nossa expressão, é vital para podermos reescrever uma história mais justa para todas. Um mundo mais igualitário precisa das vozes e criações das mulheres e todas nós temos muita potência para criar!
Por fim, o mergulho, no fim das contas, não é só uma metáfora. Ele é a melhor descrição simbólica possível desse processo de acessar o nosso emocional, que é representado pelas águas, e retornar com algo que precisa vir à tona.
Não podemos respirar embaixo d'água, então o mergulho tem um tempo de duração e é preciso contar com ferramentas pra nos apoiar nesse movimento de submergir e emergir. Pra conseguir ir até onde a gente precisa mas também pra voltar. É um movimento super possível e que nos apoia a encontrar equilíbrio entre as nossas emoções e as nossas realizações.
O nosso inconsciente é como se fosse esse oceano profundo, intenso, por vezes escuro, aonde estão guardadas memórias individuais e coletivas mais profundas. Mas onde vivem muitas belezas que precisam vir à tona também.
A gente não tem acesso a todos os lugares do nosso oceano, mas podemos ir fazendo esses mergulhos na medida do que a gente dá conta pra acessar o que é preciso para nos fazer avançar na vida. Em alguns momentos a gente consegue dar breves e rasos mergulhos. Em outros damos conta de irmos mais fundo. Às vezes conseguimos fazer mergulhos com maior duração, outras vezes com menor duração, e assim vamos aprendendo o caminho de acessar nossos conteúdos internos pra trazer nossa essência à tona.
Tem uma música de Iemanjá que eu amo, que acabou virando uma música que eu canto muito para o Duda, que fala:
Iluminai
Minhas profundas águas
Para eu decifrar
Mistérios de meu mar
Nesse meu mar de emoções
Rainha vem iluminar
(trechinho de "Hino à Yemanjá” que fala dessa busca por conectar com o mar de emoções)
A minha intenção com o mergulho é ajudar as pessoas a iluminar esse mar, pra poder materializar as criações. Fazendo esse mergulho, acompanhando os processos emocionais que vêm junto no momento em que a gente está criando algo: as vozes da impostora, autocrítica, os nossos bloqueios, as dificuldades.
Eu não quero oferecer apoio só apoio técnico para criar. Mas também apoio emocional durante o processo de materialização de um projeto.
Refletindo sobre esse movimento do mergulho, me lembrei da primeira vez que mergulhei com cilindro, e foi lá em Fernando de Noronha.
(Aliás, um parêntese aqui, porque essa história é muito marcante para mim. Essa viagem tem um significado especial, porque a gente foi para o Fernando de Noronha como um prêmio de um concurso cultural de frases da MTV. Eu tenho um tio Pimpo que sempre foi muito incrível em criatividade, trocadilhos e ele já ganhou váááárias promoções. E aí eu parei para refletir agora, eu acho que eu tinha 12 anos nessa viagem, e talvez tenha sido uma experiência que marcou para mim essa crença de que as palavras podem levar a gente longe. Por isso que eu acredito até hoje no poder das palavras, entre vários outros motivos, mas porque as palavras levaram a gente até Fernando de Noronha junto com a Sara Oliveira, que era VJ na época, - lembram dela? do DiskMTV - com tudo pago. Valeu tio, valeu frase, valeu palavras.)
Sobre o mergulho, eu nunca tinha mergulhado antes, nem feito curso. Mas lá, o primeiro batismo é com um mergulhador experiente. A gente vai junto com uma pessoa que vai fazendo todos os procedimentos, você só tem que seguir as comunicações que ele tá instruindo. Então, apesar de ser tudo novo, eu me senti completamente confiante, entregue e segura por estar junto de alguém com tanta experiência.
E a gente mergulhou fundo, acho que uns 10 metros. A sensação era de frio na barriga, encantamento, mas uma enorme confiança porque eu tava de mãos dadas com alguém que sabia o que estava fazendo.
Depois dessa experiência, até tentei fazer o curso, mas não dei conta de concluir. Eu ia precisar de muita ferramenta pra dar conta de fazer esse mergulho por conta própria e eu até acho que conseguiria, mas decidi não avançar.
Mas naquele mergulho acompanhado, eu tive a possibilidade de ver os peixinhos, os corais e isso me ensinou algo muito importante:
Às vezes, pra chegar fundo, você precisa da mão de alguém que já fez várias vezes aquele caminho.
E é isso que eu quero propor: segurar sua mão enquanto você mergulha no seu processo criativo, na profundidade que for confortável pra você, mostrando os caminhos que eu já aprendi, fazendo meus próprios mergulhos.
Eu estou planejando essa jornada para acontecer na primavera. Serão ao todo 9 encontros onde quero estar bem pertinho com cada pessoa que vier, então são bem poucas vagas por conta disso. Vão ser 5 encontros individuais e 4 coletivos.
Fiz essa página com mais informações e detalhes pra você conhecer mais da proposta. Mas você também pode me chamar aqui pelo e-mail mari@maripelli.com.br ou WhatsApp pra saber se essa jornada pode te apoiar agora.
Para celebrar esse movimento e compartilhar o que tem aprendido sobre o fluxo da criatividade, eu vou oferecer o “Fluxo Criativo”, uma série de três áudio-aulas e uma aula ao vivo gratuitas. As áudio-aulas eu vou liberar uma por dia ainda essa semana e a aula ao vivo vai acontecer no dia 1º de outubro, das 19h às 20h.
Esse vai ser o jeito de abrir os trabalhos para entrarmos no Mergulho com uma visão orientada pelo propósito de cuidar da nossa comunicação e da nossa expressão como um aspecto fundamental pra nossa existência.
Você só precisa entrar nesse grupo de WhatsApp silencioso para receber, com a menor quantidade possível de mensagens, eu te prometo que vou enviar somente o que for essencial pra você acompanhar o “Fluxo Criativo” e saber mais sobre o “Mergulho” - zero interesse em ser mais uma te enchendo de spams e sensação de escassez.
É isso, vamos mergulhar juntas?
antes de eu ir embora:
escrevo com quem conversa
Uma das minhas partes favoritas, com certeza, de ter voltado a escrever essa newsletter foi o tanto de respostas maravilhosas e conexões e notícias que recebi de pessoas que eu estava há muito tempo sem falar.
A criatividade e a expressão também me colocam nesse lugar de reconexão com o mundo, de troca, que eu amo. Para mim, escrever é mesmo uma conversa, e quando eu chamo essa newsletter de “cartas da Mari Pelli” não é só um nomezinho bonito não. É realmente como eu me sinto escrevendo aqui: com desejo de seguir nessa troca.
Então, me deu uma vontade de reverberar aqui algumas dessas conversas.
Recebi notícias de uma amiga que está terminando a fase dela do mestrado na Europa, de outra que está no processo de formação de psicologia, outra que tá lançando um livro, outra que tá criando quadros maravilhosos a partir da sua história e uma outra que me contou de como ela cria livros, (e essa história é linda!), pra ajudar os processos do filho dela de desmame, adaptação escolar e como essa criação de livros tem ajudado nesses processos.
Eu quero sempre encontrar espaço nessa newsletter para continuar essas conversas, porque eu trago novos temas a cada edição, mas as conversas seguem acontecendo.
Hoje quero indicar esse podcast que a Re Miguez participou, ela é uma amiga querida, que é professora de biodanza e teve esse papo delicioso onde vocês podem conhecer mais sobre a biodanza e essa potência que é o trabalho dela.
E também o perfil da Dani Wieczorek, que tá desabrochando numa artista visual incrível.
Elas são pessoas queridas, maravilhosas. Sigam ❤️ A cada envio quero falar mais das pessoas que estão por perto porque vocês me inspiram demais.
Escrevo pra plantar sementinhas de conexão e eu senti que brotaram conexões lindas dessa última carta, que a gente siga trocando, viu?
Podem responder, mandar novidades por aqui que vou adorar saber.
Vamos seguir conversando!
Até a próxima,
Um beijo
Mari Pelli