tempo de escrita: 1 hora - criado e enviado na TPM, outono interno
tempo de leitura: 6 minutos
dá pra ouvir aqui.
Sem enrolação, a grande novidade deste e-mail é:
As minhas oficinas de escrita regulares estão de volta!
A partir de semana que vem, 1x por mês, vamos nos encontrar pra experimentar escrever de um jeito que eu to chamando de recreativo.
Eu gostei de explicar assim a "escrita recreativa”: é sem propósito, de propósito.
Já ajudei pessoas a escreverem desde textos profissionais até poesias e livros infantis, incluindo quem só queria expressar emoções, superar bloqueios ou atender ao simples chamado da curiosidade. O que eu percebi que funcionou melhor pra todas elas? Escrever despretensiosamente.
Seja lá qual for o seu interesse ou desejo pela escrita, separar um tempo e se comprometer com você mesma pra escrever em grupo, trocar apreciações e deixar suas ideias tomarem um vento vai te ajudar a chegar lá.
Os encontros serão mensais, mas ao longo das semanas seguiremos em contato entre encontros e eu enviarei no nosso grupo algumas propostas de escrita complementares pra você seguir encontrando espaço de respiro no meio dos dias.
Fazem quase 3 anos que eu pausei as oficinas de escrita por motivos de: tive um filho! Então a alegria de retomar esse espaço na vida tem gostinho de reencontro com uma parte de mim que eu gostava muuuito de ver existindo. E que eu também tenho lindas memórias do quanto essa Mari facilitadora de espaços de escrita abriu de espaços para coisas bonitas acontecerem na vida de muitas pessoas - mais de uma centena! Vai ser uma alegria te receber nesse clima desejante de retorno. Vem?
Bom, agora que já dei a notícia principal, segue o texto que me veio enquanto eu pensava essa oficina e um pouquinho mais sobre o significado que tô dando pra ela:
Escrevo como quem respira.
Deixo o ar entrar pelas narinas.
Abrir espaço interno para receber o que vem de fora.
O externo se mistura com o que há de mais íntimo.
O ar passeia pelo corpo.
Nutre. Vitaliza. Regenera.
Me permito tomar fôlego.
Em seguida, expirar. Expressar.
Soltar pro mundo o que foi digerido internamente.
O que não me serve mais, coloco pra fora.
Mas ainda tem muito a nutrir fora de mim.
Gero gás que nutre plantas.
Me conecto com o ciclo da vida.
Respirar.
É básico, é óbvio.
Involuntário.
Na maioria das vezes, nem nos damos conta de que estamos fazendo.
Mas não sobrevivemos sem, mergulhados num mundo de ar.
Da mesma forma, vivemos mergulhados num mundo de palavras.
Nossa existência depende da escrita.
Mesmo que você nem se dê conta.
Ou que você possa se dar ao luxo de não se importar.
E, infelizmente, mesmo que você nem saiba manejar as palavras.
(Eu ainda acho que esse meu caminho de ajudar as pessoas com a escrita vai me levar pra atuar de alguma forma que contribua com a alfabetização de adultos. Enquanto ainda não sei o que fazer com essa visão de futuro, sigo com o que consigo ver: pessoas que escrevem, conseguindo traduzir suas intenções em palavras.)
As regras, os combinados, os pedidos, os sonhos.
No mundo que a gente vive hoje, passam todos pelas palavras.
Quando mais intimidade tivermos com elas, mais vamos conseguir dar a direção pro nosso navegar nos levar onde queremos ir.
Foi conduzindo oficinas de escrita e acompanhando mulheres individualmente em suas palavras, que eu entendi o meu servir pro mundo. Foi o que me fez buscar a formação como arteterapeuta. Queria entender o que é que tava acontecendo por dentro das pessoas que, depois de escrever algum texto, conseguiam ter mais clareza pra tomar uma decisão, pra criar coragem pra uma ação. E, ao mesmo tempo, o que é que acontecia dentro, que fazia com que as palavras não quisessem sair pra ver o mundo. A arteterapia me ajudou a entender o trajeto entre o mundo interno, psíquico, e o mundo externo. E eu quero te ajudar a encontrar jeitos de transitar por eles também.
Meu trabalho está entrando numa nova fase. A formação como arteterapeuta colocou diante de mim novos caminhos possíveis. E eu quero dar esse primeiro passo começando do começo. Do que me dá chão. Honrando a minha história na trajetória que me trouxe até aqui. Por isso estou voltando a oferecer oficinas de escrita regulares.
Desta vez, não mais como ninho. Quem tava aqui desde essa época sabe, que as oficinas eram conectadas ao projeto do Ninho de Escritores, do Tales, grande parceiro facilitador e a gente seguiu juntos por um bom par de anos conduzindo os nossos ninhos.
Mas agora, sinto que deixei de poder ser ninho de outras escritas quando passei a ser ninho de filho gente. Só que a minha capacidade de abrir espaço no meio da loucura da rotina pra encontra respiro nas minhas palavras, foi o que me salvou mesmo nos dias de madrugadas mal dormidas, mesmo diante dos desafios e preocupações inéditas da maternidade. Escrever me ajudou a respirar. E é por isso que agora eu tô abrindo esse espaço de oficina, chamando ele de respiro.
Que a escrita possa ser respiro pra você também!
Te espero, na próxima segunda-feira, das 19h às 21h!
Um beijo,
Até logo.
Mari Pelli
Te ler e te acompanhar, mesmo de longe, é tão bonito e inspirador! 🩷