escrevo como quem faz combinados
e quer te ajudar a fazer também.
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dá pra ouvir também aqui - sim, todos as versões em áudio agora estão no Spotify ;)
contei no insta que já vivi momentos bem difíceis nas minhas relações de parceria. hoje quero contar um cadinho mais dos aprendizados com esses momentos (já que nos sinto mais de pertin por e-mail) e sobre como eles me levaram a criar o Combinados, um jogo que vai ser lançado hoje, e que eu criei em parceria com Mari e Bel da Enfoque.
além disso, tbm tô liberando o link pra você comprar o jogo em primeira mão por aqui, já que ele vai ter um desconto especial durante as primerias 24hs, a partir do lançamento - que vai rolar hoje, numa live, às 19h. ou seja, você vai ter um tempinho a mais pra garantir o desconto ;) é o mínimo que eu posso fazer pra te agradecer por estar por aqui.
percebo que boa parte das dificuldades que eu vivi nessas relações de parceria aconteceram por que vários aspectos das individualidades - minhas e das pessoas envolvidas - acabaram ficando de fora dessas construções.
apaixonada pelas ideias ou causas, quando me joguei nas minhas primeiras iniciativas coletivas, achava que a afinidade em torno dos temas seria o suficiente pra relações guentarem todos os trancos que uma construção de parceria ou sociedade acaba tendo que passar.
aprendi na prática que não.
acontece que as coisas tem significados muuuito diferentes pra cada pessoa, mesmo quando se trata de um conceito com tantas definições debatidas publicamente. mesmo entre pessoas que concordam que o feminismo, o antirracismo, a sustentabilidade e outros assuntos nessa linha, por exemplo, existem mil nuances que interferem nas estratégias pra gente colocar essas ideias em prática. cada pessoa está em um estágio dentro da temática e viveu experiências muito únicas na vida. e tudo isso tem que contar na hora de se juntar em parcerias.
a construção das relações em projetos é parte fundamental dessa construção tanto, ou mais, do que a causa pela qual o projeto ou negócio se mobilizou.
se a gente quer construir alternativas mais sustentáveis, por exemplo, cuidar da parceria entre quem tá nessa iniciativa conta tanto quanto pensar no resultado do que essas pessoas estão fazendo juntas. fazer bons combinados entre todas as partes pode render mais fôlego pra iniciativa do que só a escolha do material mais sustentável possível. hoje isso parece óbvio pra mim, mas na época não era.
é claro que esse tipo de desarranjo acontece em qualquer tipo de parceria ou sociedade. tanto é que existe uma visão geral negativa que ronda o inconsciente a respeito das sociedades e eu já ouvi de várias pessoas que preferem ralar sozinhas ou não evoluir tanto com os seus negócios só pelo receio de envolver mais gente na história. mas qnd falamos de causas que a gente se importa muito, às vezes o baque de descobrir isso na prática pode ser até mais difícil.
"num é possível que tamos mobilizadas por um tema tão relevante (insira aqui a pauta que te mobiliza) e mesmo assim caimos nessas tretinhas."
pois é, caímos.
tretinha is everywhere.
e se a gnt quiser mesmo se juntar e se organizar pra resolver algumas delas em grupo, é só encarando cada uma delas de frente que vamos conseguir avançar.
a cada cancelamento entre pessoas que antes estavam remando no mesmo barco, vamos aumentando nossa distância pra chegar num destino mais seguro e justo pra todes.
a colaboração, no fim das contas, depende de bons combinados.
numa das vezes em que estava passando por um desses momentos difíceis, desabafei com a Mari, numa viagem que fizemos pra ver baleias - a gnt já é amiga desde antes do início desse projeto. ela foi toda ouvidos pq, fui descobrir melhor depois, nessa conversa, que ela trabalhava justamente com facilitação de diálogos para resolver problemas na Enfoque, junto com a Bel.
descobri que aquelas dificuldades em relações de parcerias eram um tema muuito mais comum do que eu imaginava - Mari e Bel já tinham acompanhando alguns casos assim - e em comum essas histórias tinham o fato de que muitas delas poderiam ter sido amenizadas com boas e constantes conversas.
eu tinha mesmo essa sensação de que se eu tivesse me feito algumas perguntas simples antes de mergulhar a fundo nessas parcerias, essas mesmas relações teriam ficado muito menos desgastadas.
eu, Mari e Bel seguimos trocando essas ideias, despretensiosamente, mas pensando em como ajudar outras pessoas com situações como essa. sou dessas que quando vivo um problema fico querendo encontrar uma “solução”, tanto pra minha versão do futuro sofrer com novas dificuldades e não com as mesmas, quanto pra poder compartilhar com outras pessoas vivendo algo parecido.
pensamos juntas sobre como podíamos trazer essa possibilidades de construções saudáveis. eu ia trazendo a minha experiência dentro das vivências de projetos colaborativos e elas iam trazendo uma visão jurídica do assunto. e eu aprendi de-ma-is com isso. eu era daquelas que tinha receio de falar em contrato ou coisas mais formalizadas e elas foram me explicando o quanto tudo isso também pode ajudar a cuidar dessas relações. eu tinha a sensação de que os contratos eram algo que prendiam as relações, mas no fim eles podem ser bem libertadores, dependendo de como são feitos.
sabia que dá pra colocar uma cláusula de mediação num contrato, por exemplo? isso funciona pra que as pessoas envolvidas combinem, no momento apaixonado do início do projeto, que quando passarem por algum problema vão recorrer a uma mediação. assim, naquele momento da treta, em que não tiverem conseguindo nem olhar pra cada da outra, a versão delas do passado vai vir lembrar que um dia elas quiserem cuidar de tudo de um jeito mais amigável. faz muito sentido não faz?
esse é só um dos vários exemplos de coisas que dá pra gente combinar melhor, de partida, pra ter uma jornada menos desgastante durante o projeto.
pensamos em qual seria o melhor formato pra acessibilizar essas reflexões e pensamos que elas poderiam se tornar um livro, um conteúdo digital, um curso, um encontro... e por fim chegamos na ideia de fazer um jogo, numa tentativa de deixar tudo mais leve.
foi assim que nasceu o Combinados, um jogo com 60 perguntas pra ajudar quem quer alinhar expectativas, construir relações mais saudáveis e parcerias mais potentes.
nessa caixinha colocamos todas as perguntas que eu gostaria de ter me feito pra evitar umas ciladas e as perguntas que a Mari e a Bel percebem que são fundamentais para ajudar quem está nessa construção ou já passando por alguma dificuldade numa sociedade.
foi um loongo processo pra esse jogo nascer, mas estamos amando o resultado. foi tudo feito com muito carinho, cada pequena escolha, cada pergunta e cada corzinha foi decidida respeitando os processos de todas as envolvidas (vê só, a própria construção já colocou a ideia em ação) e me enche o coração de alegria poder colocar nossas experiências à serviço de outras pessoas nestas situações.
se os aprendizados das minhas tretas puderem servir de apoio/alerta/atalho pra cuidar de tretas de outras pessoas, já valeu <3
de alguma forma, quis fazer com que as conversas que eu não tive e que me deram muita dor de cabeça nos projetos que me envolvi abram portas que essas conversas aconteçam com outras pessoas e outros desgastes possam ser evitados.
acredito que precisamos muito trabalhar em grupo para criar soluções para os problemas do mundo. é por isso que esse jogo existe.
pra garantir o seu é só pedir no site do jogo. e, nessas primeiras 24hs de lançamento ele está com um desconto beeem legal de 10 pilas + frete fixo pra todo Brasil.
e depois me conta, se você também vive ou já viveu questões com as suas parcerias ou sociedades, se faz sentido pra você pensar nessas conversas ou que outras soluções você acha que a gente poderia encontrar.
vou adorar te ouvir.
até semana que vem.
um beijo. se cuide.
saidera
e hoje a saidera tem cara de festa mesmo, pq quero convidar você pra uma horinha feliz que vai rolar amanhã, dia 25/08, às 21h, comigo e com a e fefe resende (minha parceira no clube de criadoras) pra gente falar um pouco mais sobre o ranço da internet e como a gnt pode se reorganizar pra voltar a sentir alegria na rede mundial. separa o drink e vem.
se vc quiser vir é só me responder esse e-mail que te mando o link da sala ;)
ah, e lembram daquela exposição virtual que eu contei pra vocês semanas atrás, do curso de museologia da UFSC, que tava reunindo recursos pra rolar? então. rolou. tá no ar! a exposição se chama 9INHA NÃO! e denuncia processos de adultizaçao e erotizaçao de meninas. vale conferir e divulgar pq o assunto é importante de-ma-is.