tempo de escrita: 2 horas - criado e enviado no período fértil, primavera interna
tempo de leitura: 8 minutos
dá pra ouvir aqui.
Primeiro era só uma ideia.
Semente.
Possibilidade.
Não dava nem frase inteira.
Levou rega, solo fértil,
e a companhia de seres que passaram:
pássaros, insetos, minhocas.
Outras pessoas
com suas ideias,
passaram também
e trocaram ares.
Abrindo caminhos,
levando e trazendo
o que vem de longe
pra nutrir.
As estações,
sóis e luas,
ciclos e marés,
passaram.
Todos os dias,
passaram.
Sem pular um sequer.
Nada acelerou em nem um segundo
o ritmo da semente.
Não adianta, a pressa.
No seu tempo,
a ideia semente brotou.
Deu seus primeiros galhos,
verdes, vibrando esperança.
Frágeis.
Ganhou espaço e volume.
E junto com as primeiras folhas,
chegaram os adjetivos.
Mas foi só quando ficou suculenta,
sentença inteira, com ponto final,
é que chegou a hora de sair do pé.
A semente, pra sair da mente,
precisou virar palavra
e ser escrita:
fruta matura.
Fruta matura é que dá
pra pegar com a mão
e nutrir o corpo, a alma
e o coração.
Foi revisitando o ano, relendo escritos e sintetizando aprendizados de 2024, que me veio essa imagem da escrita como colheita.
Escrever é um jeito de colher frutos das experiências vividas.
A escrita não é a experiência em si, mas o resultado de como algo foi vivido e pode ser absorvido pelo nosso corpo, mente e espírito.
É um jeito da gente pegar com as mãos algo que antes, seria intocável, como um aprendizado ou uma situação vivida.
Que forma tem as emoções que vivemos em um ano? Como tocar com os dedos aquele sorriso do filho? O aprendizado de um desafio no trabalho? A descoberta de um processo terapêutico?
Escrevendo.
E quando a gente materializa, toca com os dedos, alguma experiência vivida, aumenta as possibilidades de recontar e absorver a experiência de um jeito que nutra a nossa caminhada.
A escrita é um dos meus jeitos favoritos de fazer isso acontecer por ser uma das práticas artísticas mais acessíveis, nesse mundo que insiste em nos afastar do mundo das tintas e músicas depois de adultos.
Quando a gente escreve, lembra duas vezes daquilo que não ia ter jeito de esquecer. E também mantém um compromisso de não deixar passar batido coisas que foram importantes, mesmo que não tenham sido graaandes acontecimentos. E quando a gente elabora e traz significados pro que vive, damos passinhos pra avançar na direção de onde queremos ir.
Eu fiquei muito grata a Mari de 2024 por ter deixado tantos registros das experiências vividas. A cada ano tento experimentar novos jeitos de colher os frutos das minhas vivências e sinto que isso tem me feito ganhar mais consistência na vida. Consegui colher os frutos suculentos do ano, por escrito. Experimentei também adicionar o registro por fotos nesse último ano e foi incrível de fazer! Vou seguir em 2025 com certeza, mas provavelmente sem postar no insta, como fiz esse ano, mês a mês, pois tenho outros planos pra esta rede que envolvem mostrar menos detalhes do meu espaço íntimo por lá ;)
Recomento muitíssimo a você, aproveitando que o livro desse ano ainda é caderno em branco, que coloque a intenção de escrever mais sobre as tuas experiências, sonhos e desafios durante 2025. Daqui a 12 meses você vai ter muita fruta madura pra colher, pode ter certeza.
(Inclusive, eu e Rogerio, grande amigo e parceiro nesta vida, conduzimos um encontro de colheita de 2024 e construção das sementes pra 2025 que foi LIIINDO. Aconteceu entre Natal e Ano Novo, mas se você ainda está em clima de revisitar seu ano passado e definir metas e sonhos pro ano que ainda está começando, me responde aqui que dá pra se inscrever pra assistir só a gravação e fazer no seu tempo <3 juro, foi lindo demais. Vale super a pena de fazer!)
Então, é isso, além de querer dormir mais cedo, chego em 2025 com muita intenção de plantar e colher palavras.
Quero muito agradecer a você, que esteve aqui em 2024, um espaço que foi muito importante pra que eu pudesse voltar a ter uma escrita mais consistente. Escrever estas cartas me ajuda demais a ter ritmo e a criar com alguma consistência. Algo que influenciou todas as outras áreas da vida.
E também quero desejar que em 2025 a gente siga trocando e se nutrindo de ideias de como podemos acessar essa potência criativa que mora dentro de nós <3 Tô aqui pra te ajudar a chegar lá viu?
A primeira notícia que eu tenho pra dar sobre os planos pra esse ano é que: vou voltar a oferecer oficinas de escrita regulares! Ainda este mês!
A ideia é que seja um encontro mensal pra gente escrever e respirar juntas.
Se esse convite te chama, responde este e-mail! Estou priorizando as pessoas que há tempos têm pedido pela volta das oficinas, e só depois vou abrir as inscrições para o público geral. Pra entrar na lista de quem vai receber o convite primeiro, é só me escrever no mari@maripelli.com.br viu?
Ah, não posso me despedir sem compartilhar!
Pra quem acompanhou a novela da escrita do artigo da minha formação como arteterapeuta, a melhor atualização: Tô formada! Entreguei o artigo! Consegui passar por essa maratona!
Muito obrigada pelo apoio de quem revisou, comentou, e também de quem disse que leu tudo por aqui, que eu fui compartilhando a cada carta e, mesmo sem conseguir dar pitaco, estava torcendo. Tem sido muito especial encontrar pessoas que leem essas cartas e me contam: “Ah, eu fiquei acompanhando! Que legal que você conseguiu!”. Isso mostra como vale a pena compartilhar, né? A gente ganha uma torcida, e isso foi muito, muito, muito importante.
Recomendo pros teus processos criativos viu? Ache sua torcida <3 A minha é maravilhosa! Obrigada mais uma vez!
Escrever esse artigo foi um trabalho bem denso, que envolveu processos muito pessoais, sobre as minhas dúvidas e dores sobre o desejo de ser mãe e questões que são extremamente complexas no aspecto coletivo, como traumas ancestrais e desafios tão profundos das mulheres. São assuntos muito pesados, então dividir isso com outras pessoas foi fundamental pra eu conseguir suportar a carga desse processo de escrita.
Agora tô só esperando a chegada do meu certificado, mas já teve mudança até no meu @ lá pelo insta, cê viu lá no insta? Pois já me sinto arteterapeuta.
Em breve, pretendo editar o artigo para ser compartilhado - ainda pensando nas possibilidades do que fazer com ele, mas não me sai da cabeça que ele tem carinha de livro. Será que em 2025 sai o meu primeiro livro? UOU!
Nesse ano também vamos retomar o grupo (des)construções maternas, que deu origem a esse trabalho, afinal. Tenho muita vontade de dividir esse conhecimento de forma que beneficie cada vez mais mulheres. Relendo o artigo e refletindo sobre tudo o que essa experiência trouxe, ficou ainda mais evidente o quanto é essencial abrir espaço para nossos desejos e sonhos — especialmente aqueles que dialogam com a maternidade, seja o desejo de ser ou não ser mãe, com todos os impactos que isso acarreta na vida. Se esse assunto te interessa também fica aqui pertinho que em breve tem novidades.
Por hoje é só.
Até logo, um beijo.
Feliz 2025!
Mari Pelli