cartas da mari pelli
cartas da mari pelli
escrevo como quem busca o fluir
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escrevo como quem busca o fluir

pra deixar o rio da criatividade mover a vida

hoje vim aqui com um formato diferente de carta, pra trazer a gravação de uma leitura comentada que eu fiz de um capítulo do “Mulheres que correm com os lobos”, sobre o sustento da vida criativa. dá pra ouvir direto no e-mail ou também no Spotify:

fiz essa leitura pras mulheres que participam do clube de criadoras, mas achei que a conversa rendeu tanto que valia a pena abrir pra quem tá por aqui ;)

nesse capítulo a Clarissa fala, a partir de arquétipos e contos, que a criatividade não é algo que temos ou não.

criatividade é o que somos.

e tá em tudo que a gente faz.

é como se a criatividade fosse um rio subterrâneo, correndo o tempo todo dentro da gente, procurando espaços pra fluir na superfície.

e sendo assim, a única coisa que a gnt precisa fazer é não atrapalhar o caminho desse rio, abrir espaço e cuidar de não poluir essa água. só isso.

ao longo do capítulo ela vai falando dos efeitos que essa estagnação do rio causam - apatia e insatisfação principalmente - e também quais são alguns dos agentes poluidores dos nossos rios criativos. no fim, ela traz algumas práticas pra gente assumir de volta o nosso rio e permiti-lo fluir. elas tão beeem mais explicadas no áudio, mas aqui tem um resuminho:

  • aceitar, verdadeiramente, elogios e apreciações. eles servem como um alimento filtrante pra nossas águas. mas ó, é sobre aceitar sem ficar na defensiva, negar ou se diminuir, combinado?

  • ser sensível. ser capaz de se sensibilizar com tudo que nos cerca. já que a nossa expressão é resultado da nossa forma única de reunir e elaborar o que sentimos, então a forma como a gente sente o entorno conta muito.

  • ser selvagem e abrir espaço pra deixar nascer o que tem que vir. praticar deixar as ideias virem à tona livres, sem censuras. essa é uma prática muito presente tanto no clube quanto no ninho, em que a gente se permite escrever livremente por alguns minutos. mas ela pode ser experimentada em outras linguagens também.

  • começar e encarar o medo já, desde o início! muitas vezes ouvimos que “é só começar”. mas, em alguns casos, o simples ato de começar tá bloqueado pelo medo. Clarissa aconselha a encarar o quanto antes esse medo - se for medo de falhar, por exemplo, falhar logo - pra poder seguir sem usar o medo como pretexto pra evitar o fluxo da criatividade.

  • proteger o tempo. tornar o tempo em que você trabalha no fluxo do seu rio, sagrado, sem permitir interrupções. no livro ela dá exemplos de mulheres que colocam plaquinhas na porta avisando que ngm, nem mesmo o gerente do banco ou melhor amigo, está permitido entrar. (tbm acho que nisso, tanto o clube, qnt o ninho nos ajudam: ter um horário marcado na agenda, pra você, com outras pessoas, facilita a manter o compromisso)

  • firmar um compromisso de amor com a criatividade. se a gente maltratasse crianças ou animais, saberíamos que existem instituições pra nos vigiar e punir. mas quem vigia quando a gente mesma se maltrata? só nós somos testemunhas. é preciso firmar o compromisso: amo a minha vida criativa mais do que amo cooperar com a minha própria opressão!

  • proteger a vida criativa. praticar todos os dias e não permitir que nada bote a gente longe da criatividade. nem parceira(o)(s), compromissos, filha(o)(s), humor ou seja lá qual for o fator externo ou interno.

  • forje seu verdadeiro trabalho. aqui ela fala sobre a gente se posicionar e agir de acordo com aquilo que está criando. por exemplo: se quero escrever, já estou ajo como escritora, independente do resultado. é sobre trazer para o dia a dia a postura e forjar esse trabalho criativo até que o rio volte a fluir completamente.

  • oferecer alimentos pra vida criativa. sendo que os 4 alimentos básicos são: tempo, sensação de integração, paixão e soberania. façamos estoque deles ;)

pra mim tem sido uma experiência muito interessante fazer essas leituras comentadas pq é uma forma de eu assimilar alguns conteúdos que tenho estudado tbm. a Clarissa Pinkola Estés é psicóloga Junguiana, que é a mesma linha da minha formação em arteterapia, por isso várias das coisas que ela escreve se baseiam nos conceitos que tenho estudado. então, fazer essas conexões em voz alta tem sido uma bela forma de estudar. adorando.

se você ouvir a leitura comentada, me conta depois como ela te tocou?

se cuide. nos vemos logo.

um beijo


Saidera

Negra Si, poetisa, cantora, escritora e faxineira, acabou de lançar no YouTube um compilado da leitura de vários textos dela que ficou ma-ra-vi-lho-so. temos a sorte de acompanhar o nascimento de algumas de suas escritas no Ninho, e é incrível ver a forma como ela conta sua vida em versos e prosas, pedras e rosas. logo logo vamos lançar uma publicação do Ninho e de gancho vamos fazer uma arrecadação para apoiar a gravação de uma de suas músicas. em breve conto por aqui, mas você já pode começar a apoiar dando uma conferida no vídeo e seguindo ela no YouTube ;)

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conversas sobre o que nos aperta o peito e como podemos contar histórias a partir do que ele nos diz.
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