Adolescência e a crise de autoconfiança.
Natural nessa fase da vida e agravada nos tempos de vínculos via redes sociais.
Oie,
Na última edição, contei que as versões lidas das newsletters iam virar podcast, né? Pois bem: aconteceu! E, por pura sincronicidade, o primeiro episódio já chegou chegando com convidada especial.
Eu tinha acabado de assistir à série “Adolescência” e estava cheia de reflexões e nós no estômago. Acho que é impossível terminar de ver os 4 episódios sem ter vontade de seguir falando sobre as dinâmicas prejudiciais às quais jovens estão expostos no ambiente digital — e isso já é, pra mim, um grande mérito: despertar a discussão.
Saindo do supermercado com esses pensamentos, pensei: “quem poderia conversar sobre isso comigo?”. No exato momento, surge Danielle Toigo. Sincronicidade total! Se eu tivesse pensado mais cinco minutos, seria o nome dela que teria me vindo. Mas o universo se adiantou e colocou a Dani na minha frente. Era pra ser ela! Só tenho a agradecer pelo encontro e por ela ter topado esse convite!
A Dani faz um trabalho lindo, potente, apoiando famílias a atravessarem a adolescência com mais diálogo e menos tensão em atendimentos individuais, mentorias, palestras e rodas de conversa.
Foi maravilhoso conversar com ela sobre os desconfortos que a série me provocou — e poderíamos ter seguido por horas além da 1 hora do episódio. Aliás, esse é justamente o tamanho da conversa: algo que não deve terminar tão cedo. Precisa se intensificar — e diz respeito a toda a sociedade, não só a pais e professores.
Se você é mãe, pai, ou cuida de uma criança ou bebê, nunca é cedo (nem tarde!) pra refletir sobre esses temas. A série provoca importantes chamados sobre a urgência de agirmos diante dos desafios de adolescer em tempos digitais. Se ainda não assistiu, vale demais. Se já viu, puxe assunto com quem estiver por perto.
No episódio do podcast sobre a série, passeamos sobre os temas:
➡️ Os desafios da adolescência hoje e a necessidade urgente de diálogo.
➡️ Como o ambiente digital potencializa desafios naturais da fase.
➡️ A distância do corpo que o ambiente digital causa e suas consequências.
➡️ Evolução histórica das gerações diante da realidade digital.
➡️ Modelos parentais: entre permissividade e autoritarismo.
➡️ Consequências dos diferentes estilos parentais.
➡️ A complexidade da adolescência e responsabilidade coletiva diante dela.
➡️ Bullying e cyberbullying.
➡️ Desafios das relações interpessoais numa geração hiperconectada.
➡️ A importância da arte na construção da autoconfiança.
➡️ A expressão artística como forma de resgatar conexões humanas.
➡️ O valor da arte pra elaborar os desafios das transições na adolescência.
➡️ A desvalorização das artes na escola coincidindo com a ascensão digital.
➡️ Caminhos para a comunicação familiar.
➡️ A reconexão com o adolescente interior que todo adulto carrega pela vida.
➡️ A responsabilidade de cada instituição e instância nos comportamentos dos adolescêntes: escola, família, estado e sujeito.
Ouça agora:
Alerta de spoiler: falamos sobre todos os episódios. Vale assistir antes de ouvir — tem surpresas que recomendo preservar na sua experiência com a série ;)
E, como combinado, pra quem quiser se aprofundar no tema, aqui nessa news sempre vou deixar uma chuva de links e referências complementares:
🔗 O trabalho da Danielle Toigo está todo no perfil dela no Instagram.
🔗 Livros indicados pela Dani: Geração Ansiosa (Jonathan Haidt) e Disciplina Positiva para Adolescentes (Jane Nelsen e Lynn Lott).
🔗 O podcast citado por ela: Carla Albuquerque conversa com Vanessa Cavalieri e William Borghetti sobre Como lidar com a violência entre os jovens.
E aqui estão os links que naveguei enquanto refletia sobre o tema:
🔗 Artigo da Ana Mae Barbosa sobre a evolução e os retrocessos do ensino de arte nas escolas brasileiras.
🔗 As colunas de Vera Iaconelli na Folha: “Adolescência - O que poderíamos ter feito” e “Adolescência retrata uma família normal" estão preciosas!
🔗 Post da psicóloga Dr. Cam com visão “impopular” de que a crise da adolescência não se deve só às redes sociais, mas aos vínculos frágeis com pais e instituições.
Em uma tradução livre o que ela diz no post é: “Pelo que eu vejo, a saúde mental dos adolescentes não está sendo estilhaçada pelo que eles vem on-line e sim por conta dos desafios que eles encontram no dia a dia e não estão conseguindo suportar e nem encontrar esse suporte nos pais ou instituições. E o ambiente digital só encontra um “campo devastado” nos vínculos desse jovem, que, aí sim, adere aos comportamentos que encontra nesse ambiente de uma forma que não é saudável pra ele, mas que ele encontra ali uma forma se sentir pertecendo.”
🔗 No podcast “Vibes em Análise”, Andre Alves e Lucas Liedke falam do mal-estar na adolescência agravado pela era digital. Não é só sobre a série, mas sobre os temas que ela permeia. Vale muito ouvir!
🔗 Post da Miranda sobre como comentários como “seu filho é tímido” podem impactar a autoestima desde a infância até a vida adulta.
Se esse episódio - e a série Adolescência - também te deixou com vontade de conversar mais sobre, me conta o que achou do episódio? É só responder este e-mail. Sou eu mesma que leio - e AMO seguir falando por cartas virtuais. 💌
O diálogo que eu menciono no episódio e que evidenciou pra mim a relação entre as práticas artísticas e a construção da autoconfiança é esse aqui:
Pra fechar, não podia deixar de puxar o gancho com um trabalho que tenho nutrido com muito carinho e está retomando suas atividade agora: o grupo (des)construções maternas está com as inscrições abertas!
Afinal de contas, olha a fala seguinte ao diálogo que mencionei acima:

Parece que refletir sobre ser ou não ser mãe faz ainda mais sentido diante dos desafios enfrentados pelos jovens hoje. Não que esses desafios devam nos desencorajar — eles sempre existiram, em diferentes formas e intensidades, em todas as gerações. Mas tê-los em vista, e se preparar para não estar preparada para eles (como a Dani bem diz), talvez seja o gesto mais responsável e amoroso que podemos cultivar.
Refletir sobre ser ou não ser mãe nunca foi tão urgente. Não pelos desafios — que sempre existiram — mas pela consciência de que eles estão aí, inevitáveis, e que olhar de frente para eles talvez seja o maior ato de coragem. Dá um nó na cabeça, né? Mas também abre uma fresta: a de fazer diferente, de criar novos jeitos de cuidar, de se implicar no mundo que esses jovens habitam — sendo mãe ou não.
É nesse espírito que seguimos no (des)construções maternas: não pra encontrar respostas, mas pra abrir perguntas, ouvir desejos, sustentar incertezas para que cada uma descubra, no seu tempo e do seu jeito, o que deseja, diante da maternidade.
✨ As inscrições estão abertas até 18/06!
E já aproveito pra avisar: na quinta, dia 5, às 9h30, vamos fazer uma live pra comentar mais sobre o processo e tirar dúvidas.
Se quiser, já pode mandar suas perguntas pra gente 💛
Um beijo, até a próxima.
Com carinho,
Mari Pelli